Empresários e profissionais do sector apresentam a nova realidade do comércio dos automóveis usados

Empresários e profissionais do sector apresentam a nova realidade do comércio dos automóveis usados

A ANECRA juntou mais de 200 pessoas, no passado dia 17 de junho, no Hotel Vila Galé, em Coimbra, para o Encontro Nacional do Comércio de Automóveis Usados tendo como tema: “Sector Automóvel um Admirável Mundo Novo”, que contou com a presença das mais relevantes Empresas Especializadas no Financiamento Automóvel, de Gestoras de Frota, de Grupos de Retalho e Empresários do Segmento do Comércio de Veículos Usados.

Neste evento ficou claro que estamos perante um Sector em profunda transformação, sendo as palavras de ordem antecipar, adaptar e acompanhar as tendências de mercado, numa área que muito evoluiu e que desafia permanentemente os seus profissionais a serem diferentes, oferecendo uma melhor qualidade e variedade de produtos e serviços a parceiros e clientes.

Relativamente a vendas de carros usados, “em 2022 registaram-se mais 12% do que no ano de 2021 e quanto às vendas de carros importados são mais 44% em 2022 do que em 2021, (ano de pandemia)”, segundo Nuno Castel-Branco, CEO do Standvirtual. Uma maior oferta de veículos no mercado provoca uma estabilização. Segundo Américo Barroso, Administrador da Só Barroso e Diretor da ANECRA, “o mercado está a ajustar-se, verifica-se uma estagnação quanto aos preços de venda dos veículos usados” essa opinião é partilhada por Rui Ferreira, Diretor Geral da Car Plus, que acrescenta: “brevemente, poderemos, inclusivamente, assistir a uma pequena descida no valor de comercialização de veículos usados”. A rotação de automóveis nos stands é positiva, no entanto, “deverá haver atenção aos veículos em stock nos stands automóveis”, afirma José Pinto, CEO da Arval.

Novas Ferramentas de Vendas

Segundo Cátia Serrano, CEO da Equação Motor e Personalidade Feminina do Ano, num Prémio atribuído pelo Standvirtual, atualmente é necessário “trabalhar com objetivos muito claros na área de marketing e vendas”. A marca tem uma forte presença na vertente digital, “contamos com a presença de influenciadores digitais para a promoção dos nossos veículos”. “Tal como a compra de uma casa, também a compra de um carro são decisões muito relevantes na vida dos consumidores pelo que temos de corresponder às suas necessidades e expectativas”, prossegue. No caso dos veículos automóveis, neste caso usados, temos de apresentar ao consumidor uma nova experiência para que sinta o produto que estamos a vender.”

Quanto à importação de veículos Sandra Meira, Gerente da Meirauto, afirma que “já não compensa, por vários fatores, como a burocratização do processo de importação dos veículos e as reduzidas margens de lucro”, por esta razão, a atenção ao mercado nacional é fundamental. Por sua vez, Sofia Cruz, Diretora Geral da WYW, afirma que “antecipar as necessidades dos clientes, compreendê-las adaptando os produtos e os serviços às suas necessidades é fundamental” destacando esta ideia como um dos pontos fundamentais deste encontro. Todos os dias há questões a resolver “como, por exemplo, questões relacionadas com a Nova Lei das Garantias que mitigaram o valor dos veículos automóveis tendo, muitas vezes, aumentos na ordem dos 50%”. Por esta razão “a entreajuda entre os vários agentes do sector é fundamental para fortalecer o sector”, conclui Tiago Jorge, CEO do Calhambeq Soluções Auto.

Taxas de Juro

Num painel moderado por Duarte Gomes Pereira, Secretário-Geral da ASFAC a atenção centrou-se nas taxas de juro. Segundo Pedro Nuno Ferreira, Head of Automobile Business, do Cetelem BNP Paribas, “as taxas de juro vão continuar a subir até ao final do ano”. Em 2024, “a situação vai melhorar: as taxas de juro vão começar a baixar, pelo menos é essa a perspetiva,” refere. A subida das taxas de juro foi muito rápida e forte, pela necessidade de controlar a inflação, o que a tornou atípica. “O ajuste do preço do produto final, neste caso dos automóveis, é muito lento, quando comparado com as taxas de juro”, refere Nuno Zigue, CEO do Santander do Consumer Finance.

Com a pressão dos valores do crédito “o cliente procura viaturas mais baratas” afirma José Carreira, Coordenador da zona norte da Cofidis Portugal. Apesar de tudo “em 2025 desenha-se um cenário mais otimista, com produtos mais ajustados entre a oferta e a procura, com novos produtos e serviços”, conclui.

O Papel do Digital na Comercialização de Carros Usados

Na comercialização de viaturas usadas é essencial uma vertente presencial e não apenas digital, “não acredito que a venda de carros usados se faça exclusivamente pela via digital neste tipo de veículos”, afirma Nuno Zigue, “A confiança e a transparência são os aspetos mais relevantes na venda de um carro usado o que só se consegue por via de um contacto físico”, conclui. No entanto, “o cliente procura uma experiência de proximidade e de confiança e só isso o fará voltar a ter uma nova experiência com determinada marca” lembra Henrique Henriques, Diretor Comercial da Credibom.