Ainda é só um projecto, mas a Triumph parece ter todas as cartas do seu lado. Com a colaboração da Williams e da Universidade de Warwick, prepara uma plataforma para várias motos eléctricas.
Se as primeiras motos eléctricas começaram a surgir nos pequenos e jovens fabricantes, com maiores conhecimentos na concepção de baterias, na gestão de energia e em motores eléctricos, a realidade é que os construtores mais respeitados do mercado de veículos de duas rodas, que fizeram toda a sua carreira garantindo o dinamismo dos seus veículos de duas rodas à custa de potentes motores a gasolina, não vão virar as costas ao crescente número de clientes que procuram motos mais amigas do ambiente.
As motos eléctricas ainda não são muito vulgares, em parte porque as baterias não atingiram a desejada densidade energética que lhes permita garantir uma autonomia decente com um peso e um custo relativamente reduzidos. E nada é pior num veículo de duas rodas do que o peso, pois compromete a rapidez, a agilidade e o comportamento. Mas a evolução dos acumuladores não pára, ainda que não seja barata, e a Triumph parece ter encontrado uma solução para conseguir a quadratura do círculo, perseguindo simultaneamente baterias tecnologicamente avançadas, mas garantindo que todo o sistema não impede preços competitivos.
O projecto Triumph TE-1 passa, na essência, pela criação de uma plataforma que possa ser utilizada em vários modelos de motos, de forma a partilhar os custos e a reduzir o preço unitário de cada projecto. De caminho, com a colaboração da Williams Advanced Engineering (parte da equipa Williams de F1, da Integral Powertrain, que concebe o motor) e da Universidade de Warwick, está a desenvolver uma bateria leve e com maior densidade energética. De recordar que a Williams concebeu e produziu o sistema de bateria, gestão de energia e motor dos Fórmula E, o que lhes assegura um profundo conhecimento sobre a tecnologia necessária para fazer com que uma moto eléctrica seja capaz de agradar a um utilizador típico de veículos com duas rodas a gasolina.
Além desta trilogia, em que a Triumph concebe os veículos, entre motos desportivas e outras trial ou touring, a Williams concebe as baterias e a universidade encontra a melhor solução para fazer tudo funcionar. Mas falta pagar a conta ou, pelo menos, suportar uma parte considerável dos investimentos necessários. E é aí que entra o Governo inglês que, através dos programas Office for Zero Emissions e Innovate UK, concede ajudas para atrair fábricas e investimento.
Se as baterias prometem surpreender, o motor não lhe fica atrás, pois em banco de ensaio já fornece 14 kW por quilograma, o que equivale a um motor de quatro cilindros e 1000 cc a gasolina fornecer 190 cv, mas a pesar somente 10 kg, cerca de 10% do motor a gasolina e respectiva caixa.
O que já existe é uma plataforma para a TE-1, composta por um quadro em alumínio e o conjunto bateria/inversor/unidade de gestão, ocupando o lugar que tradicionalmente pertence ao conjunto motor a combustão e caixa. Com ligeiras variações dos ângulos, este quadro com sistema de alimentação de energia pode servir a praticamente todos os tipos de moto, reduzindo os custos e prazos de desenvolvimento.
Depois de ter divulgado em 2019 os seus planos para motos eléctricas, a Triumph anunciou agora a segunda fase do projecto TE-1, em que revela desenhos do que deverá ser a primeira moto do fabricante britânico concebida sobre a plataforma TE-1.