A norma Euro 7 será mais branda do que estava previsto. No entanto, há novidades no cálculo de emissões: travões e pneus também contam.
Após muitos avanços e recuos, há finalmente uma decisão final. Os ministros da União Europeia (UE) concordaram esta segunda-feira em suavizar a norma de emissões Euro 7, que vai ser menos exigente do que aquilo que tinha sido inicialmente proposto.
Esta alteração chega depois de oito países europeus (entre eles Itália e França) terem-se mostrado contra esta norma. Uma oposição que estava assente, entre outras premissas, no facto das propostas apresentada ser “demasiado rigorosa e até irrealista para os construtores de automóveis a conseguirem cumprir”.
E foi precisamente isso que também defendeu Luca de Meo, diretor executivo do Grupo Renault, que explicou a necessidade da norma Euro 7 ser completamente revista:
“Quero ser claro: as normas têm de ser completamente revistas, com atenção à poluição proveniente dos travões e dos pneus. Quanto aos motores, é impossível que estes cumpram as normas Euro 7 até 2025”. Luca de Meo, Diretor Executivo Do Grupo Renault
Agora, os vários ministros da União Europeia concordaram em colocar um travão significativo a esta medida, que continua a estar prevista entrar em vigor 2025, mas que será bem menos severa para os construtores do que se esperava.
Fica (quase) tudo na mesma
Esta versão mais «suave» da Euro 7 foi apresentada por Espanha, que tem atualmente a seu cargo a presidência rotativa da União Europeia. E prevê que fique quase tudo na mesma para os veículos ligeiros de passageiros e comerciais:
“A posição do Conselho mantém as atuais condições de ensaio e limites de emissões (estabelecidos na norma Euro 6) para os veículos das categorias M1 e N1 (veículos ligeiros de passageiros e comerciais)”, pode ler-se no comunicado do Conselho da União Europeia.
Mas há novidades…
No caso dos veículos M2 e M3 (autocarros) e dos veículos das categorias N2 e N3 (veículos comerciais pesados), os limites de emissão passam a ser mais baixos e as condições de ensaio foram ligeiramente ajustadas, em comparação com a norma Euro 6/VI.
Mas há novidades a registar, sobretudo no que diz respeito às partículas provenientes dos travões e dos pneus:
“O Euro 7 estabelece limites para as emissões não provenientes do tubo de escape, como as partículas provenientes dos travões e dos pneus. Além disso, abrange os requisitos mínimos de desempenho para a durabilidade das baterias em automóveis elétricos e impõe requisitos mais rigorosos para o ciclo de vida dos veículos”, pode ler-se no comunicado do Conselho da UE.
Mesmo assim, importa lembrar que apesar do acordo para a «nova» Euro 7 já ter sido firmado pelos países da União Europeia, a versão final e definitiva ainda terá que passar e ser «negociada» pelo Parlamento Europeu.
“A nossa posição vai no sentido de nos mantermos na vanguarda da mobilidade do futuro e de adotarmos níveis realistas de emissões para os veículos na próxima década, ajudando simultaneamente a nossa indústria a fazer a transição definitiva para automóveis não poluentes em 2035”. Héctor Gómez Hernández, Ministro Interino da Indústria, do Comércio e do Turismo de Espanha
Recorde-se que um dos alertas deixado pela indústria estava relacionado com o facto da norma Euro 7 poder vir a reduzir o investimento dos construtores na eletrificação. Isto porque alguns dos custos da eletrificação teriam que ser alocados ao investimento nos motores de combustão de maneira que eles fossem capazes de cumprir com aquilo exigido por esta normativa.